sexta-feira, 1 de junho de 2012

As mulheres não são mercadorias, as mães também não


11/05/2012

Com a proximidade do dia das mães, o machismo ganha um fôlego extra. Mercantilizar relações é a especialidade do capital e utilizar-se do machismo para alcançar tal objetivo é ainda mais comum. O valor dado à mãe está expresso no valor da mercadoria comprada para presentear a mesma.

Para justificar o consumo, o capital transforma a maternidade numa relação mercantil, ao passo que naturaliza a relação da mulher com aquilo que não é uma sentença, mas sim uma opção, a gravidez. Para alcançar tal fim, a mídia bombardeia os lares com imagens de mulheres “vocacionadas” aos cuidados com a família, comparando-a à natureza, os frutos com a fertilidade feminina. Assim, as mulheres são vistas como a Mãe Terra, a grande provedora, aquela que tem por objetivo manter seus(as) filhos(as) saciados e a quem se deve sempre reverenciar pela bondade.

Parece bonito, mas no fundo essa visão está embasada na lógica machista de que a maternidade é um destino. E, por conta dessa peculiaridade em relação aos homens, somos naturalmente mais sensíveis, estamos geneticamente determinadas a gostar mais de flores e lixas de unha do que de livros e política. E, talvez por isso, esses sejam os brindes que os machistas mais gostam de distribuir em datas como essa.

Nós, mulheres petistas, temos definição da linha feminista que seguimos, o feminismo socialista. Dessa forma, não aceitamos que a figura da mulher seja reduzida à imagem da cuidadora, daquela que naturalmente tem o dever de abrir mão de sua vida pelos(as) filhos(as). Entendemos que o trabalho doméstico e os cuidados com a família, em especial a criação dos(as) filhos(as), é responsabilidade de ambos(as) os(as) parceiros(as), não uma sentença dada às mulheres.

A maternidade, como qualquer outra relação social, é construída socialmente. Ser mãe é diferente para cada sociedade, cada cultura. Refutamos essa lógica machista que tenta reforçar a visão ocidental cristã da mãe como santa, espelhada no amor de Maria por seu filho Jesus. Refutamos uma maternidade que nos encarcera no mundo privado, cobrando de nós responsabilidades que não cobra dos homens.

Lutamos por um mundo onde as mulheres possam ser o que quiserem, e o que não quiserem também. Que possam ser mães quando desejarem, tendo garantido acesso às políticas públicas necessárias para o bom desenvolvimento da criança e possibilitando que a maternidade não encerre a vida profissional e educacional das mulheres. Lutamos por políticas públicas que garantam os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Lutamos para que homens tenham, diante do Estado e da comunidade, as mesmas responsabilidades que as mulheres. Lutamos pelas mulheres que amam outras mulheres e que encontram dificuldades em adotar crianças porque o Estado não vê com bons olhos duas mães no lugar de uma.

Temos, finalmente, uma mulher ocupando o cargo máximo no Brasil. A Dilma nos orgulha por mostrar que, sim, as mulheres podem. A luta por igualdade abre novos horizontes para todas nós. Diante de tudo isso, a Secretaria de Mulheres do PT/POA reforça que o dia das mães é um dia para refletirmos sobre as dificuldades que as mulheres encontram quando disputam um cargo de poder, quando assumem esse cargo, quando não tem com quem deixar os filhos para trabalhar e/ou estudar, para encontrar saúde pública de qualidade. O Brasil mudou muito e para melhor com as nossas administrações, mas ainda temos muito a fazer. A luta segue; é todo dia e não daremos trégua.

Secretaria de Mulheres do PTPOA

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